sábado, 26 de setembro de 2009

LIMITES


Parece-me que os problemas familiares existem, só mudam de endereço. No meu modo de ver as coisas hoje, UMA DAS dificuldades que temos em casa é a falta de limites. Só posso falar do que vivo.
Fui criada com excesso de limites, excesso de “nãos”, digamos assim. O pior que era assim: não faça isso senão Deus castiga. Não faça aquilo senão você vai pro inferno... daí por diante. Então fica difícil ver Deus como o Pai Amoroso que Ele É, pois se fomos criados dentro desse conhecimento errôneo a meu ver, como queremos ver Deus de outro modo? Bom, querer queremos, mas como poderemos ver? Só se Ele vir em nosso auxílio e apressar-se em nos socorrer. Conhece essa jaculatória? Senhor vinde em nosso auxílio, apressai-vos em nos socorrer? Só assim.
Mas diante de tanta negação e negatividade fica difícil pra gente saber impor limites.
No meu caso o impor limites aos filhos era algo tão difícil, que decidimos assim: o pai corrige e a mãe passa a mão na cabeça. Sei lá se foi a decisão mais correta, mas foi assim que decidimos criar os filhos aqui em casa.
Quando eles eram crianças fiz assim com eles: tirei tudo o que pudesse fazer-lhes mal e que me obrigasse a ter que dizer não toda hora. Tipo: meninos não toquem nisso, vocês vão se machucar, vão levar choque, vão se queimar, vão quebrar meus bibelôs, ou seja, lá o nome que se dá aos enfeites de casa.
Minha casa foi uma casa feita para crianças, não tinha nada que pudesse ferí-los, nada que pudessem vir a engolir, ou machucar-se. Mesmo assim o Thiago Luis se machucava bastante, pois tinha um problema de falta de curvatura nos pés, que fazia com que ele caísse com muita freqüência e isso me deixava super apavorada, pois o pediatra dele nem desconfiava que ele tivesse esse probleminha. Mas tudo bem. Tudo bem, não! Tudo mal. O coitadinho sofreu um bocado por conta disso. Galos e mais galos na cabecinha.
Mas normalmente eu não queria viver o exercício de ter que dizer não, pois ter que fazer isso era e ainda é bastante desgastante para mim.
Conseqüência: filhos sem limites. Pois se não ensinamos a eles que A LIBERDADE DELES TERMINA QUANDO COMEÇA A LIBERDADE DO OUTRO, eles nunca saberão quando devem parar.
Aqui em casa é um caso sério... Ao som de um bolero... Rita Lee. Rsrsrsrs. Mas é verdade, nunca sabem a hora de parar de beber, a hora de parar de fazer barulho pra não incomodar os vizinhos... Pois é... Pois é... Pois é... E para mim fica difícil impor certos limites, por não saber como fazer isso sem feri-los.
Penso que quando somos muito reprimidos quando crianças, não queremos dar a nossos filhos a mesma educação que tivemos, se tomamos consciência de que foi um mal... Claro. Pois tem pessoas que fazem com os filhos o que fizeram com eles, enquanto criança.
Penso que esse modelo de pai autoritário e mãe submissa, não é um modelo legal para nossos filhos. O legal e correto é cada um ter sua autoridade e aplicá-la na hora certa. Autoritarismo não! Autoridade.
Mas filhos tem que ter limites, sem serem castrados em sua liberdade. Penso que ter uma casa onde eles corram poucos riscos de se ferirem é legal. Nunca vi filhos que tenham desde nenês uma casa feita pra eles, onde possam sentir-se seguros. Isso evita muitos perigos desnecessários e talvez até mortes precoces. Sei lá...
Mas o correr riscos faz parte da vida. E se não ensinei a eles que não poderiam mexer em coisas e que se quebrassem poderiam ferir-se, talvez não tivessem muita noção do que é respeitar a casa dos outros. Não tirar do lugar as coisas dos outros. E que se fizessem determinadas coisas, poderiam terminar se dando mal.
Na verdade, o que percebo é essa falta de limites que me incomoda bastante. O não respeitar o espaço alheio.
Mas como não existe cartilha de como educarmos nossos filhos. Então o erro também faz parte do processo de crescimento de ambos, pais e filhos.
Abraço. Lourdes.

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