domingo, 20 de setembro de 2009

BIPOLARIDADE


Por experiência própria, posso colocar alguma coisa aprendida através dessa doença.
O humor se torna instável, e isso pode acontecer durante as 24 horas do dia. Tipo assim: podemos acordar bem, daí a algumas horas ficarmos mal e assim por diante até a hora de dormirmos. Essa variação de humor acontece.
Quando estamos no pico da doença podemos fazer coisas que normalmente não faríamos. Isso em relação a sexo. Em relação às coisas que vão contra totalmente aquilo que você tem como moral e ético. Tentativa de suicídio ou vir a morrer por conta disso. No meu caso a ansiedade sempre me levava a comer exageradamente, não tenho problemas com o apetite. O querer que tudo seja totalmente transparente, também é um dos itens da bipolaridade.
Medicamentos: nem sempre queremos fazer o tratamento, porque inicialmente os remédios nos fazem um mal danado, isso foi comigo, não sei se com outros pacientes acontece o mesmo. Tive que tomar vários tipos de remédios para poder saber aquele que faria menos mal. E isso durante muitos e vários anos.
Lutei muito e durante muitos anos contra esse mal. Atualmente parece-me estabilizado. Não tomo nenhum tipo de remédio e nem faço mais terapia psíquica, somente espiritual.
Ir à missa e estar em comunidade.
O querer estar só e se isolar por vários dias fazem parte do processo da bipolaridade. O não querer tomar banho por vários dias também. O irritar-se e durante esse processo de irritação poderemos cometer homicídio, pois não temos o controle sobre nossas reações.
O choro convulsivo, o falar exageradamente, a tristeza profunda pode ser uma constante.
A terapia é importantíssima nessa doença, pois o profissional pode levar você a enxergar coisas que você não vê por estar doente.
A vontade de desistir de tudo, inclusive da vida é normal nessa doença.
A fuga geográfica também, o andar sem rumo, sem ter para onde ir (minha avó paterna saiu andando e nunca mais foi encontrada).
A genética também contribui e muito para a doença desenvolver-se.
Mas como Deus é bom, e um bom Pai, Ele não desampara seus filhos e hoje penso estar quase curada desse mal. Ainda tenho certas recaídas, o saber lidar com isso já é mais fácil.
Em mim por causa de ser mulher a TPM me incomoda bastante, parece-me ser mais difícil lidar comigo neste período que nos outros dias do mês.
Já passei pelas diversas fases da doença: a fase da negação, de não assumir que estava doente, de pensar que tudo o que fiz foi porque quis e não por estar ruim psiquicamente.
Afinal isso é muito mais fácil, pois levar o rótulo de bipolar não é lá muito fácil, concordam comigo?
O interessante quando trazemos o rótulo de bipolares, tudo em nós entra em descrédito. Tipo assim: ela pensa assim por ser doente. Ela fala essas coisas, mas é tudo da cabeça dela, ela não bate bem... E assim vai.
Esse é o problema que o bipolar enfrenta. Há uma discriminação quanto ao que ele faz ou pensa. Não entendem que o bipolar somente está doente em sua afetividade, mas as outras coisas em nós são perfeitamente normais. Normalmente somos pessoas extremamente inteligentes. Temos um potencial artístico fora do comum. Mas isso não é levado em conta. O número de bipolares aumentou muito durante esses anos, parece-me ser próprio do século onde a tecnologia domina. A tecnologia desenvolve nosso cérebro e nossa inteligência muito rapidamente e daí a doença pode vir à tona com mais facilidade, já que é muito própria dos inteligentes, isso é comum. Mas sei também que doença psíquica não leva em conta: sexo, idade, cor, classe social... E por aí vai.
Mas as várias pessoas que encontro com bipolaridade são interessantíssimas e inteligentíssimas. Portanto falo do que vejo e experimento.
Abraço. Lourdes Dias.

4 comentários:

  1. Olá amiga. Parabéns pelo o blog e pelo post. Fico contente de ver que você consegue lidar com a bipolaridade a sua maneira. São poucos que conseguem. Parabéns e muita paz nessa caminhada.

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  2. Obrigada pelo amiga. Sou muito nova nisso tudo, então receber alguns elogios me estimula a continuar. Obrigada novamente. Volte sempre!
    Abraço. Lourdes.

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  3. Na minha bipolaridade estabeleci limites para me proteger e aos outros. Dias tristes minhas caminhadas é sempre em direção á Igreja, sei que muito mais nestes dias preciso de Jesus e também fico mais reservado no relacionamento com as pessoas,para não entrar em conflito facilmente.
    Procuro fazer nestes dias tarefas que me dão prazer de viver, e espero com paciência, pois sei que passa. Que Deus lhe ajude a superar sempre. Abraço. AnonimoXY

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  4. Que Deus nos ajude. E faço isto e assim também. Mas às vezes me isolo. Mas faço terapia sempre que posso. Faço pelo SUS, lá tem pessoas maravilhosas e excelentes profissionais. Isto quando não tenho condições de pagar. A terapia é uma grande aliada nossa. Abraço. Lourdes.

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