domingo, 6 de junho de 2010
CIGANA? ÍNDIA?
Cigano e índio, são alguns dos gens que trago por herança.
Interessante que meu pai gostava muito de mudar de casa, e nós não entendíamos muito bem a razão de tudo isto. Minha mãe Margarida sempre dizia: “ Eta Lindorfo, vamo mudá di novu? Você gosta de andá com a casa nas costas qui nem caracór. Rsrsrss...” Era assim mesmo que ela falava, cada vez que meu pai Lindolfo pensava em mudanças.
Daí depois de muitos anos, descobri que somos descendentes de índios (minha bisavó) e ciganos me parece que da parte de meus pais. Comecei a entender um pouco sobre meus comportamentos e de meu pai. Nunca consigo deixar uma coisa no lugar por muito tempo, tenho dentro de mim uma espécie de necessidade de não estar num mesmo lugar, tipo nômade. Criar raízes, ou fincar os pés num determinado espaço, me é muito difícil. Pensava que isto fosse coisa que precisasse de cura, mas nãoooo... Sou descendente de nômades. E a tal genética não falha nunca.
Sempre falava pro Alfredo: “Quanto tivermos criado nossos filhos, quero morar em um trailler.” E olha que nem sabia que os ciganos de hoje vivem em traillers. Que coisa engraçada. A força do sangue. O sangue que grita e mesmo que você nem entenda porque determinados comportamentos aparecem, tudo tem uma lógica. Para mim tudo isto faz o maior sentido agora.
Para nos conhecermos melhor é preciso que saibamos nossas origens, somente quando isto não for possível, é que devemos deixar pra lá, mas se for possível, penso que é essencial.
Minha avó usava brincos de argola de ouro. Isto me deixava curiosa. Ela usava muitas saias compridas, não coloridas, mas compridas até o pé. Usava um lencinho amarrado na cabeça. E nem ela sabia porque gostava de se vestir desta maneira. Na época em que era viva, já usávamos trajes modernos, calça comprida e coisa e tal, mas ela não. Sempre pensei que ela vestia-se assim por ser extremamente católica e não queria mostrar as pernas. Seus cabelos eram muito longos, ia até o calcanhar, e sempre usava coque, como chamávamos. Usava o cabelo, tipo enrolado. Interessante! Agora as coisas estavam ficando muito mais claras.
Não conheço nada sobre ciganos. Aliás... Minha avó não esmolava, pois não precisou, mas ajudava muito os que lhe pediam esmola. Quem sabe ela sabia que seus ancestrais esmolavam e daí ajudava os pobres em sua sobrevivência. Ela dizia que isto era caridade.
Vou tentar conhecer mais os ciganos e o comportamento índio para poder me conhecer ainda melhor.
Agora sei porque me identifiquei com as Aldeias de Vida. Afinal, aldeia lembra sempre índio, né mesmo? E nossa espiritualidade católica das Aldeias é sempre embasada na arte (teatro, música, dança, festa, esporte) e quase tudo o que acontece lá é tipo teatral e improvisado. Lá é tudo muito simples, tipo cigano. Parece até coisa de circo e coisa e tal. Percebem a identificação?
Nossas Aldeias é tipo um teatro católico. Teatro embasado na Palavra de Deus. Teatro que é embasado na vida real e nos ensina como viver a vida tal qual ela é. Um ousar existir. Ousar viver a vida, aqueles que pensam em desistir dela.... Ou aqueles que decidiram viver melhor a vida que Deus lhes deu. Viver... Vivendo. Digamos assim.
Por isso ter preconceitos é coisa muito errada. Ter preconceitos diante dos ciganos, dos índios, dos negros, dos pobres, dos brancos, é coisa horrível mesmo, porque nunca sabemos de onde viemos e se rejeitamos nossos irmãos, nos rejeitamos também.
Quero agradecer ao Senhor por cada descoberta que faço de mim. Fico cada vez mais parecida com meu Senhor. Afinal somos ou não somos Sua Imagem e Semelhança? Lourdes Dias. PS.: DADOS IMPORTANTES: NASCI EM 25/05 E MINHA IRMÃ FÁTIMA EM 08/04... datas importantíssimas para o povo cigano. Não acredito em coincidências.
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